quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Música

Vida e Música


Eu tom me sforzando muito  pra não ficar dissonante,
Esse trítono chamado amor tão gracioso virou um diabólis in vida,
Deixou minha tristeza acentuada, fortíssima
martelando como stacatto em minha cabeça.
Soluções estão suspensas nesse momento largo de desconsolo solo,
há uma centena de pausas de breve no pensamento em andamento lento,
o coração bate em quartifusas e sempre que retorna o tema em minha mente
logo cai uma lágrima floreando em intervalos de quartas aumentadas.
Antes tudo era um compasso regular e no lugar
ficaram noites como quiálteras, quintinas, sextinas irregulares,
dos meus dias síncopes de compassos alternados marcados
e ao fim do dia tudo é ritornello.
Minha razão se tornou  acéfala,
Tudo por conta do  seu toque de sensível
mediante a minha postura dominante,
fiquei totalmente sub-dominante enquanto você super-dominante se tornou a tônica da minha vida.
Você me levou do S da solidão ao Coda da felicidade.
E aí todo o feliz desenvolvimento prestíssimo
se desfez na tensão de notas da sua voz alterada,
fiquei bemol, não! Dobrado bemol,
enquanto você sustenido, não! Dobrado sustenido,
Num crescendo súbito gritava trinados agudos em meu ouvido absoluto,
Fui decrescendo, do forte, meso forte, piano, pianíssimo.
Nossa harmonia foi se desfazendo, virou polifonia depois cada um seguiu monódico, monotono, monofônico, para seu nipe.
Hoje vejo você com seu arco fazendo arcadas leves, sem trêmulos, com vibratos firmes.
Enquanto eu com meu sopro desafinando articulando portatos entre engasgos penso em que cadência eu errei.
Tudo poderia ser uma cadência perfeita,
mas, foi tonulando, modulando e inesperadamente terminou atonal.
Nada anormal para uma sinfonia da vida contemporânea, mas um levare facilitaria e muito.
As coisas começam como uma suíte logo se tornam invenções a 2 vozes, entra uma terceira voz e passam  a ser fugas, viram peças dodecafônicas sem repouso e acabam com um lento arpejo de acorde diminuto,
e o pior é que a vida parece um rondó.