Eu tom me sforzando muito pra não ficar dissonante,
Esse trítono chamado amor tão gracioso virou um diabólis in
vida,
Deixou minha tristeza acentuada, fortíssima
martelando como stacatto em minha cabeça.
Soluções estão suspensas nesse momento largo de desconsolo
solo,
há uma centena de pausas de breve no pensamento em andamento
lento,
o coração bate em quartifusas e sempre que retorna o tema em
minha mente
logo cai uma lágrima floreando em intervalos de quartas
aumentadas.
Antes tudo era um compasso regular e no lugar
ficaram noites como quiálteras, quintinas, sextinas
irregulares,
dos meus dias síncopes de compassos alternados marcados
e ao fim do dia tudo é ritornello.
Minha razão se tornou
acéfala,
Tudo por conta do seu
toque de sensível
mediante a minha postura dominante,
fiquei totalmente sub-dominante enquanto você
super-dominante se tornou a tônica da minha vida.
Você me levou do S da solidão ao Coda da felicidade.
E aí todo o feliz desenvolvimento prestíssimo
se desfez na tensão de notas da sua voz alterada,
fiquei bemol, não! Dobrado bemol,
enquanto você sustenido, não! Dobrado sustenido,
Num crescendo súbito gritava trinados agudos em meu ouvido
absoluto,
Fui decrescendo, do forte, meso forte, piano, pianíssimo.
Nossa harmonia foi se desfazendo, virou polifonia depois cada
um seguiu monódico, monotono, monofônico, para seu nipe.
Hoje vejo você com seu arco fazendo arcadas leves, sem
trêmulos, com vibratos firmes.
Enquanto eu com meu sopro desafinando articulando portatos
entre engasgos penso em que cadência eu errei.
Tudo poderia ser uma cadência perfeita,
mas, foi tonulando, modulando e inesperadamente terminou
atonal.
Nada anormal para uma sinfonia da vida contemporânea, mas um
levare facilitaria e muito.
As coisas começam como uma suíte logo se tornam invenções a
2 vozes, entra uma terceira voz e passam a ser fugas, viram peças dodecafônicas sem
repouso e acabam com um lento arpejo de acorde diminuto,
e o pior é que a vida parece um rondó.